Fazendo um Dia Das Crianças diferente

O Dia das Crianças é comemorado no mundo todo no dia 20 de novembro, que é o dia do aniversário da aprovação da Declaração Universal dos Diretos da Criança, que aconteceu em 1959. Mas na prática cada país escolhe uma data pra comemorá-lo, baseado em seus próprios critérios culturais. No Brasil, um deputado propôs a criação do data no dia 12 de outubro em 1924, mas ele só passou a ser comemorado de fato em 1960, quando duas empresas se juntaram e fizeram uma ação de marketing para aumentar a venda de brinquedos e produtos para bebês.

Quando eu era pequena eu ganhava brinquedo no dia das crianças. A empresa que meu pai trabalhava fazia festa na data e presenteava os filhos dos funcionários, com brinquedos escolhidos de acordo com a faixa etária e gênero. Isso acontecia também no Natal. Eu lembro que o dia das crianças era um dia feliz para mim e meus irmãos, pois era uma das poucas oportunidades do ano de ganhar presente, mas o que mais me deixava feliz era eu ter um dia inteirinho para ficar com meu pai, poder brincar com ele, comer doces juntos.

Ser criada desta forma me ajudou a formar opinião para a criação dos meus filhos. Por aqui não costumamos presentear nas datas comerciais e as vezes nem em aniversários. Consumimos o necessário, sem extravagâncias, o Italo tem pouquíssimos brinquedos, e até com roupas somos econômicos. Vivemos em uma sociedade capitalista, onde o consumo é o motor que move a economia, mas não precisamos ser consumistas, comprar o que não precisamos, não é mesmo? Quando queremos presentear, não precisamos de data especial, mas sempre analisamos a real necessidade daquele gasto no momento, fazemos o planejamento e ai sim, realizamos o sonho. Tem dado certo e faz todos aprenderem que nada cai do céu, que as coisas custam dinheiro (que não é fácil de ganhar), e que para conquistarmos nossos sonhos temos que ter paciência e perseverança.

O consumismo tornou-se um hábito característico de nossa sociedade. Mas, como nenhuma criança nasce consumista, vale uma reflexão sobre quais hábitos e valores estamos transmitindo às crianças contemporâneas, para que prefiram comprar a brincar. Valores que priorizam o ter em detrimento do ser, o individual acima do coletivo, a competição ao invés da cooperação. A infância não pode ser aprisionada nos falsos ideais de felicidade vendidos pela sociedade de consumo. Criança precisa de muito pouco para ser feliz: precisa de olhar, de palavra, de escuta e de acolhimento. 

O trecho acima é de um excelente texto que li no portal Pragmatismo Político. Após lê-lo eu resolvi apoiar a ação "Dia das Crianças Diferente". A ideia é trocar o shopping pelo parque, o brinquedo pelo afeto  e propor que as famílias reflitam sobre a relação do Dia das Crianças com o consumo exacerbado.

Uma das muitas ações que acontecerão amanhã são as Feiras de Troca e Doação de Brinquedos, uma ideia do Instituto Alana  abraçada também pelo pessoal do Infância Livre de Consumismo, que convida as pessoas de todo o país a organizar Feiras de Troca de Brinquedos (em eventos simultâneos no sábado, 12 de Outubro), para gerar um movimento nacional de transformação do olhar à relação da criança com o consumo. Em São Paulo teremos em vários locais: CCSP, Sesc Itaquera, Casa das Rosas, Parque da Água Branca, e em vários Colégios. Você encontra todos os locais das feiras no site do Alana http://mobilizacao.alana.org.br/

Aproveite o dia para dar sua presença para seu filho, para brincar, conversar, cozinhar juntos. Faça um passeio no Parque, tem vários com programação para toda a família, faça um piquenique. O Na Pracinha também tem várias sugestões bacanas para o final de semana, confira http://www.napracinha.com.br/

E lembre-se: nenhum brinquedo, caro ou barato, será mais valioso do que seu carinho, sua atenção e sua presença na vida de suas crianças. Bom final de semana! ;)